Brasília, 08 de novembro de 2012
Doença celíaca: você pode ter e não saber
Fadiga, dor, náuseas e vômitos, constipação e diarreia, distúrbios alimentares, anemia, perda de cabelo, confusão e problemas de memória, alterações na pele, perda de libido e problemas de fertilidade. A presença de um ou mais dos sintomas relacionados pode significar a presença da doença celíaca.
Na última década aumentou no Brasil a consciência da doença celíaca, que pode se manifestar em crianças, adultos e idosos. Estudos internacionais apontam que 1% da população mundial é celíaca.
Uma das convidadas para debater o tema, Lucélia Costa, presidente da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra), explica que por apresentar sintomas diversos, a doença celíaca não é diagnosticada facilmente, “é preciso um estudo minucioso e atenção especial”, alerta.
Em sua apresentação, a professora Ana Vládia Bandeira Moreira, professora da Universidade de Viçosa, define que a doença celíaca é uma alteração genética do intestino delgado, que dificulta o organismo a absorver os nutrientes dos alimentos como carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, sais minerais e até mesmo a água.
Embora pareça um diagnóstico assustador no princípio, “o celíaco pode ter sua vida social normal”, garante. Para isso, basta que assuma uma mudança de atitude nos hábitos alimentares e atente para o cuidado no preparo de seus alimentos. É claro, recomenda a professora, que com o acompanhamento de um nutricionista qualificado para orientar a adaptação da dieta.
Para José Ênio Duarte, o secretário executivo do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), “embora o caminho esteja certo, é preciso trabalhar com mais afinco com a Atenção Primária”. Na avaliação do secretário executivo ela será o diferencial para as pessoas que sofrem com a doença celíaca.
Os exames que permitem o diagnóstico da doença podem ser realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), lembra Ênio Duarte. A Portaria nº 307/2009, da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS), prevê testes laboratoriais e endoscopia digestiva com biopsia do intestino delgado (duodeno), que confirmam o diagnóstico. Além disso, destaca, precisamos trabalhar a doença celíaca valorizando a intersetorialidade.
Cian - Nildes de Oliveira Andrade, coordenadora da Comissão Intersetorial de Alimentação e Nutrição, é reconhecidamente, incansável na luta em favor das pessoas com necessidades alimentares especiais, como é o caso da doença celíaca, que ainda não está incluída no planejamento e desenvolvimento das ações e programas de governo.
Entretanto, Nildes reconhece avanços na implementação de políticas públicas intersetoriais e participativas, que vêm permitindo a ampliação das oportunidades de acesso aos alimentos necessários para uma alimentação segura, saudável e adequada.
Por esse motivo, reconhecendo o esforço nacional, e tendo em vista a urgência na formulação de uma Política, a coordenadora da Cian, apresentou ao colegiado uma proposta de Resolução criando o Comitê Técnico Intersetorial de Atenção Integral às Pessoas Celíacas, que terá como objetivo elaborar, planejar, monitorar e avaliar a Política Intersetorial de Atenção Integral para Pessoas Celíacas. A Resolução foi aprovada por unanimidade pelo Pleno do CNS.
Denise Miranda
denise.miranda@saude.gov.br
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