sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Driblando o glúten

Driblando o glúten

http://www.unicap.br/webjornalismo/glutenados/?p=121
Catarina é celíaca desde os 17 anos e adora comer tapioca e macarrão sem glúten
Imagine a cena. Você está com seus amigos e todos querem sair para comer fora. Depois de 20 minutos de discussão, a decisão: um rodízio de pizza. De repente você se frustra, fica triste, porque todos estarão comendo, menos você. Geralmente isso é o que se passa na cabeça de quem é celíaco. As privações. Não pode comer pizza, pão, cereais, bolo, coxinha,salgadinho de queijo, tomar cerveja, entre outros alimentos que estão nas graças das pessoas. Quitutes deliciosos que levam glúten. Desse jeito ninguém iria querer abandonar a substância. Isso é fato.
Para o estudante Lucas Cavalcanti Farias, 12, deixar de ingerir o glúten não vai ser uma tarefa fácil. Há cerca de um mês o menino recebeu o resultado da biópsia e não gostou nada do que leu. “Eu já tenho limitações por conta da diabetes, isso não é justo, assim fica difícil. Mas minha mãe e minha irmã já são celíacas então o jeito é ir me acostumando. Muita coisa lá em casa já é sem glúten.
No entanto, na opinião da mãe de Lucas, e também estudante de administração, Helena Cavalcanti Albuquerque, 47, que descobriu ser celíaca há mais de três meses, driblar o glúten não foi difícil. “Precisei escolher entre ficar me sentindo mal, com prisão de ventre, com aquela sensação horrível de inchaço ou cortar a substância da minha alimentação. Não foi algo difícil”, conta Helena. A universitária tem uma filha com Síndrome de Down, Bruna Cavalcanti Farias, 20, e relata não foi complicado cortar o glúten da alimentação da filha. “Bruna sabe que o glúten faz mal a ela. Então quando algum desavisado oferece qualquer coisa ela rejeita e diz que isso é veneno”, conta.
Para a estudante Catarina Valéria, 20 anos, também com Síndrome de Down, o glúten para ela é o inimigo. “Não posso comer ele faz mal a minha barriga e me deixa doente. Eu gostava de pão mas, a minha mãe disse que tapioca era melhor. Hoje eu como e gosto muito”, relata. A tapioca é uma das alternativas. É possível fazer pizza, coxinha, lasanha, tudo isso sem glúten. “É bem fácil e o custo também é. Alguns produtos realmente são mais caros, mas eu tento sempre economizar e aqui em casa todo mundo come sem glúten. Mesmo quem não é celíaco”, diz Helena, que descobre a maioria das receitas pela internet.
Na opinião da psicóloga Valéria Nóbrega, as pessoas precisam conhecer mais a doença. “Não só a população como os médicos também. Quantos mais gabaritados estiverem, mais rápido o diagnóstico da doença será identificado. Eu sofri muito porque no começo diziam que eu tinha síndrome do intestino irritado”, pontua. Mas para ela, a iniciativa de abdicar do glúten deve partir do paciente. “Não adianta você descobrir que é celíaco e não fazer nada a respeito. É um desafio, mas precisamos enfrentá-lo”, finaliza.

Uma tímida vitória

Uma batalha foi vencida, mas ainda falta a guerra contra a Doença Celíaca. O motivo? Em 2003, foi aprovada a Lei 10.674, no qual abriga as indústrias alimentícias a colocar nos rótulos dos seus produtos a advertência “contém glúten” ou “não contém glúten”. É uma vitória apenas em parte, visto que essas mensagens podem passar despercebidas aos olhos do consumidor. Cada vez mais escondidas e em uma letra quase imperceptível, as empresas dificultam a vida do celíaco, uma vez que as mensagens não estão visíveis numa primeira olhada.
Há 7 anos valéria não come nada com glúten
“Dá muito trabalho. Você tem que sair virando a caixa, eles dobram em cima do lugar, é preciso quase desembrulhar para saber onde está. As letras são minúsculas, especialmente dos iogurtes”, dispara a psicóloga Valéria Nóbrega.  “As empresas não respeitam e tem produtos que não tem a sinalização. Essa lei deveria ser estendida para os restaurantes. Porque muitas vezes perguntamos ao garçom e ele não sabe responder se o prato é com ou sem glúten, é um desafio”, conta Valéria. A psicóloga tem um quadro hipersensível da doença, ou seja, ela pode desenvolver um câncer no intestino. “Já tirei três pólipos e tinha que ficar fazendo exames pelo menos uma vez no ano”, diz.
A nutricionista Maria Dolores alerta para que os celíacos tomem cuidado na hora de adquirir os produtos. “É muito bom ficar de olho, ler com atenção os rótulos, para não adquirir produtos que possam prejudicar o tratamento”, comenta. Para saber mais sobre a DC, dicas e receitas para alimentos sem glúten basta acessar o site da Associação dos Celíacos do Brasil (www.alcebra.com.br).

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