domingo, 29 de abril de 2012

psicologia e doença celíaca


Psicologia e Doença Celíaca

Uma vez que o diagnóstico de Doença Celíaca ou Intolerância ao glúten é positivo, uma dieta sem glúten é recomendada de imediato. Isso acarreta uma série de reações psicológicas. Pensar que o pão francês quentinho e crocante deverá sair do nosso café da manhã, para sempre, nos leva ao desespero a uma difícil aceitação. Para muitas pessoas o problema não pára somente alí, com ele vem a depressão, o isolamento ou a sensação de que a vida não tem mais sentido.
Ajuda de um psicólogo que entenda a realidade da DC é muito importante principalmente no início da tratamento.
A psicóloga Aline Ribeiro Mayrink Maia é especializada em Psicologia Clinica e vem trabalhando em parceria com a ACELBRA-MG para dar assistência aos celíacos e também orientar os pais, já que essas mudanças não ocorrem somente na vida do recém-celíaco mas na família toda.
Ela também participou do III Seminário Internacional Sociedade Inclusiva em Belo Horizonte com o tema “Uma Estratégia da Psicologia Clinica para promover a Inclusão na Doença Celíaca: o trabalho com grupo”.
Em seu artigo a seguir, Aline explica como a psicologia clinica pode ajudar no tratamento do celiaco.
Aline, parabéns pelo trabalho que fazes junto aos celíacos e obrigada pela brilhante contribuição para a Campanha de Concientização sobre a Doença Celíaca.
Psicologia e Doença Celíaca

Uma característica que se sobressai na doença celíaca e em seu tratamento é a grande restrição alimentar imposta à pessoa em caráter permanente. Esse diagnóstico acarreta grandes impactos para a pessoa, exigindo uma série de novas adaptações e mudanças (nos hábitos de alimentação e de vida, em todos os seus aspectos – emocional, biológico, social, financeiro, cognitivo, profissional, espiritual).
A aceitação dessa nova condição nem sempre é fácil. Já de início, os celíacos enfrentam um grande desconhecimento da população em geral em relação à existência da doença. Isso gera certo preconceito, além da escassez de recursos para lidar com tal situação. Algumas pessoas relatam dificuldade de se inserirem em ambientes de escola e trabalho em função do peso do rótulo de uma doença crônica desconhecida, que requer um comportamento específico de restrições alimentares.
Além disso, podemos pensar no papel ocupado em nossa cultura pela farinha de trigo, presente na maioria dos alimentos, principalmente nos industrializados. Sabemos que a alimentação transcende a simples satisfação de uma necessidade fisiológica, possuindo múltiplos significados e envolvendo questões culturais, étnicas, religiosas, estéticas, etc. Assim, a restrição alimentar dos celíacos acaba ocasionando restrições também no convívio social e/ou familiar. Muitas vezes, a necessidade do preparo diferenciado dos alimentos coloca a pessoa em uma incômoda situação de dependência. Com tudo isso, são comuns situações de constrangimento, em que os celíacos são vistos como diferentes de forma preconceituosa e excludente. Outro tipo de exclusão sofrida é a exclusão econômica, uma vez que há pouca oferta de produtos sem glúten no mercado e os que existem possuem um alto custo.
Dentro de todo esse contexto da doença celíaca, o trabalho da psicologia clínica consiste em oferecer uma escuta acolhedora e respeitosa à pessoa e a tudo o que ela vivencia no momento. O objetivo é trabalhar o impacto da doença nos seus aspectos subjetivos, interpessoais, sociais. Através dessa interlocução com o profissional, a pessoa tem a oportunidade de rever seu posicionamento diante do tratamento e da vida, seus hábitos, necessidades, limitações e possibilidades. Nesse processo, os significados relativos à condição celíaca podem ser reconhecidos ou descobertos. O psicólogo atua de maneira a compreender o universo de cada um, em sua singularidade. Assim, pode-se chegar a um maior conhecimento e integração da pessoa, o que possibilita formas mais autênticas de estar no mundo e de lidar com a doença celíaca e suas restrições.
Aline Ribeiro Mayrink Maia
Psicóloga clínica – CRP/04:19773
Contato: amayrink@gmail.com

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