terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dieta sem glúten para não celíacos divide especialistas

Dieta sem glúten para não celíacos divide especialistas


27/10/2011

Muitas pessoas estão adotando a restrição em busca de vida mais saudável, mas não há comprovação científica do benefício

Para quem tem doença celíaca, uma dieta sem glúten é obrigatória. Mas esse tipo de alimentação tem sido recomendada também a quem não é portador do mal, dividindo a opinião de especialistas.

Segundo a nutricionista Cássia Milord, é cada vez mais comum que as pessoas adotem a prática para ter uma vida mais saudável. Ela não só recomenda a dieta como também garante que traz benefícios para saúde, como redução no volume da barriga e perda de peso.

Mas o gastroenterologista Humberto Oliva Galizzi contraindica a dieta para quem não tem o problema. “Em virtude de, até o momento, carecermos de recomendações científicas robustas eu não recomendo a exclusão de glúten para quem não é portador da doença celíaca”, disse o médico.

Além disso, a alimentação sem glúten é cara e muitas vezes díficil de ser encontrada. A nutricionista Fernanda Aparecida Moreira viveu esse problema ao descobrir há três anos que é celíaca, e não recomenda a restrição a quem não tem o problema.

Fernanda Aparecida Moreira apresentava sintomas como diarreia, emagrecimento, queda de cabelo e enfraquecimento das unhas, mas a doença não foi facilmente diagnosticada. A nutricionista conta que passou por vários médicos que diziam que ela estava com depressão ou estresse, e chegou a tomar calmantes e antidepressivos. Após quatro meses de investigação, Fernanda recebeu a recomendação de procurar um gastroenterologista. Foi assim que descobriu a doença celíaca. "Na primeira semana após o diagnóstico já cortei o glúten da minha alimentação e não tive mais problemas".

Mas Fernanda Aparecida Moreira chama a atenção para outro problema da dieta sem glúten, que são as restrições à alimentação. O glúten está nos alimentos que contêm trigo, cevada, centeio e aveia. Nesse caso, o trigo é o mais importante porque está presente em bolos, pães e biscoitos, que não devem ser ingeridos pelos celíacos. Por isto, sempre que viaja, Fernanda Aparecida Moreira liga para o hotel onde vai se hospedar solicitar alimentação especial.

Doença celíaca

A doença celíaca afeta o intestino delgado, órgão responsável pela absorção dos nutrientes da alimentação. O gastroenterologista Humberto Oliva Galizzi explica que no caso de portadores da doença, as células de defesa localizadas no intestino delgado percebem o glúten da alimentação como um invasor, e passam a atacá-lo. "O problema é que estas células de defesa começam a atacar também o próprio intestino delgado, deixando-o cada vez mais lesado, perdendo sua função primordial de absorver os nutrientes".

Os principais sintomas da doença são diarreia, gases (com inchaço da barriga), cólicas abdominais, emagrecimento, palidez da pele e das mucosas por causa de anemia. Segundo o médico, algumas pessoas podem apresentar ainda sensação de cansaço exagerado, mas ressalta que os sintomas podem variar muito de pessoa para pessoa. "É importante alertar ainda que a doença pode se manifestar em qualquer época da vida, até mesmo na terceira idade".

O diagnóstico é feito a partir de exames de sangue e endoscopia. O tratamento consiste basicamente na exclusão total do glúten da alimentação do portador da doença. E como a doença celíaca não tem cura, a dieta sem glúten é fundamental para que os pacientes tenham uma vida saudável. O médico alerta que muitas pessoas insistem em comer os alimentos que contenham o nutriente. Nesses casos, os danos para a saúde podem ser graves.

"Além dos sintomas, há também uma má absorção de nutrientes que pode levar à desnutrição, anemia, osteoporose, retardo de crescimento e infertilidade. Se a pessoa continuar ingerindo glúten continuamente, existe um risco um pouco aumentado de desenvolvimento de câncer denominado linfoma intestinal de células T".

Fonte: Portal HD
Por: Thaís Mota

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